Estresse, ansiedade, tensões do dia a dia e até mesmo a pandemia estão afetando a saúde mental do brasileiro. Isso faz com que o bruxismo se torne cada vez mais comum na população. Dados oficiais de 2017 mostram que cerca de 40% dos adultos brasileiros sofrem com o problema — muitos deles, sem saber. Para solucionar ou evitar lesões dentárias, a placa de mordida é o tratamento mais popular.
Durante sua carreira como odontologista, você provavelmente vai lidar com vários casos de bruxismo. Portanto, entender o funcionamento, confecção e auxílio da placa de mordida vai ajudar a oferecer um tratamento mais adequado. Então, confira no texto tudo sobre o aparelho:
O que é bruxismo?
O bruxismo é o hábito involuntário de apertar o maxilar e a mandíbula, provocando o ranger dos dentes. O problema é que a força empregada pode ser agressiva, desgastando objetos dentários, incluindo próteses totais e parciais.
O curioso é que grande parte das pessoas não sabe que tem o hábito, já que é mais comum que aconteça durante o sono. Muitas vezes, quem descobre são os parceiros, pois ouvem o barulho do rangido de dentes. Também é comum que essas pessoas façam uma contração da arcada enquanto estão concentradas ou estressadas.
Quais os sintomas?
Além do desgaste, o bruxismo também provoca dores de cabeça, nos músculos mastigatórios, nas articulações temporomandibulares (em frente aos ouvidos) e amolecimento dos dentes. Por ser difícil de autodetecção, quando o paciente aparece no consultório odontológico, o sintomas já são mais sérios.
Não se sabe ao certo o que está por trás do bruxismo, mas o provável é que ele seja uma consequência do estresse diário ou de outros fatores emocionais.
Infelizmente, a disfunção não tem cura. No entanto, o uso de uma placa de mordida pode fazer com que os sintomas diminuam ou até sumam, dependendo do caso.
Bruxismo e DTM são a mesma disfunção?
Não. Enquanto o primeiro é o ranger involuntário dos dentes, a disfunção da articulação temporomandibular (DTM) é um conjunto de desordens que acometem a ATM, os músculos mastigatórios e as estruturas ao redor. Além disso, a DTM pode ou não ser causada pelo bruxismo.
A disfunção temporomandibular pode causar dores na nuca, dificuldade ao abrir a boca e dores intensas ao mastigar. Ela pode acontecer quando:
- o disco articular se desalinha ou desgasta;
- ocorre um trauma físico na articulação;
- os músculos que estabilizam a articulação entram em fadiga por sobrecarga (o que pode acontecer em decorrência do bruxismo).
O que é placa de mordida?
Também chamada de front-plateau, a placa de mordida anterior é um pequeno aparelho intraoral inserido na arcada dentária superior para evitar o desgaste provocado pelo bruxismo. Além disso, evita as dores músculo-articulares e induz a musculatura ao relaxamento.
Existem dois tipos de placa de mordida: a de silicone (que custa, em média, R$250) e a de acrílico (R$500).
Qual tipo de placa de mordida escolher?
Apesar de mais confortável e custo mais baixo, a placa de silicone é porosa, o que faz dela mais difícil de limpar e ajuda na proliferação de micro-organismos. Além disso, ela é menos eficiente que a de acrílico para conter o bruxismo.
Por fim, ela não impede o ranger dos dentes. Consequentemente, pode perfurar com facilidade, perdendo o suporte para a articulação temporomandibular e a musculatura mastigatória.
Porém, enquanto a resina acrílica rígida é melhor para conter o bruxismo, o silicone é mais indicado para clareamento dental ou em protetores esportivos.
Como a placa de mordida é feita?
O odontologista faz a moldagem dos dentes captando as imagens com um scanner intraoral. Depois, essas imagens serão usadas para a criação de um projeto de placa no software. Quando o projeto é finalizado e aprovado, o profissional responsável manda um comando para uma fresadora, que começa a confeccionar a placa em acrílico ou silicone.
Como é feita a manutenção?
Mas não é apenas a placa de mordida que trará resultados, pois sua confecção é feita de acordo com a arcada dentária do paciente. Além disso, ele precisa se consultar regularmente, já que o aparelho precisa ser trocado a cada 6 meses.
Quando não estiver usando, o paciente deve higienizá-la e guardá-la em local adequado para evitar proliferações.
Como o paciente deve limpar a placa de mordida?
Com uma escova macia (de preferência, não a mesma que a utilizada para a higienização bucal), o paciente deve limpar a placa com detergente neutro — o creme dental pode arranhar o aparelho. Mas se ele quiser um cuidado extra, existem os limpadores antibacterianos para próteses, em que a placa fica imersa por alguns minutos.
A higienização deve ser diária, pois a placa precisa ser mantida seca e limpa após o uso; já o limpador deve ser usado pelo menos uma vez na semana.
Se o paciente não usar a placa de mordida, o que pode acontecer?
Se o paciente não fizer o tratamento, o ranger de dentes não será contido. Por consequência, ele pode causar danos dentários permanentes. Alguns casos são tão severos que a erosão pode chegar à gengiva.
- dores nos músculos e articulações da mandíbula;
- sensação de calor ou frio na arcada dentária;
- nervo visível no centro do dente;
- erosão no esmalte dentário;
- cantos angulares;
- incisivos planos.
Outro aspecto importante é que a placa de mordida não deve ser a única a conter a desordem. Muitas vezes, o tratamento deverá ser associado à medicação e sessões de terapia.
Viu como a placa de mordida é fundamental para o tratamento do bruxismo e da ATM? Como visto, a primeira disfunção não tem cura, mas pode ser contida. Então, confira tudo o que é preciso saber sobre o bruxismo.