A fratura condilar intracapsular é um tipo específico de fratura que afeta a articulação temporomandibular (ATM), uma das articulações mais complexas do corpo humano, responsável por permitir os movimentos da mandíbula.
Essa fratura é mais comum em idosos devido à fragilidade óssea natural que acompanha o envelhecimento, sendo um tema de grande relevância para essa faixa etária.
Na sequência, vamos abordar o que é a fratura condilar intracapsular, os seus principais sintomas, fatores de risco e o plano de tratamento conservador recomendado para a maioria dos casos em idosos. Também discutiremos a controvérsia existente entre os tratamentos cirúrgico e conservador. Continue a leitura!
O que é a fratura condilar intracapsular?
A fratura condilar intracapsular ocorre dentro da cápsula articular da ATM, afetando diretamente o côndilo mandibular, que é a parte da mandíbula que se articula com o crânio.
Essa fratura pode ser causada por traumas diretos, como quedas ou acidentes de trânsito, ou traumas indiretos, como impactos no queixo que transferem a força para a articulação temporomandibular.
Nos idosos, esses tipos de traumas são mais frequentes devido à diminuição da densidade óssea, comum com o envelhecimento, e ao aumento do risco de quedas.
Além disso, outros fatores, como a perda dentária, podem contribuir para a fragilidade da articulação e predispor à fratura condilar intracapsular.
Sintomas de uma fratura condilar intracapsular
Os sintomas mais comuns de uma fratura condilar intracapsular incluem:
- Dor na área da articulação temporomandibular;
- Dificuldade ou incapacidade de abrir, ou fechar a boca completamente;
- Desvio da mandíbula ao tentar abrir a boca;
- Inchaço e hematomas na região da mandíbula;
- Alteração na oclusão dentária, ou seja, como os dentes se encaixam.
Esses sintomas podem variar conforme a gravidade da fratura e o grau de deslocamento do côndilo.
Em casos mais graves, pode ocorrer uma limitação severa dos movimentos mandibulares, impactando diretamente a qualidade de vida do paciente.
Tratamento conservador da fratura condilar intracapsular
De acordo com um estudo publicado pela Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, as fraturas condilares são uma das fraturas maxilofaciais mais controversas em termos de tratamento, especialmente quando se trata de escolher entre uma abordagem cirúrgica ou conservadora.
Para os idosos, o tratamento conservador é muitas vezes a primeira opção, pois oferece menos riscos e complicações quando comparado à cirurgia, que pode ser mais invasiva e envolver um período de recuperação mais longo.
A cirurgia, geralmente, é indicada apenas em casos específicos, como fraturas muito graves ou com deslocamentos severos do côndilo.
Como funciona o tratamento conservador?
O tratamento conservador consiste em técnicas não cirúrgicas que visam promover a cicatrização da fratura e a recuperação das funções mandibulares. Esse plano de tratamento pode incluir:
Reposicionamento oclusal
Em casos onde a oclusão dentária foi alterada devido à fratura, pode ser necessário o uso de aparelhos ortopédicos para reposicionar a mandíbula e facilitar a recuperação.
Imobilização temporária
Em algumas situações, pode-se optar por imobilizar temporariamente a mandíbula com a ajuda de bandagens ou contenções, reduzindo o movimento da articulação temporomandibular e permitindo que a fratura se cure.
Fisioterapia funcional
A fisioterapia é uma parte essencial do tratamento conservador. Os exercícios específicos para a articulação temporomandibular ajudam a restaurar a função muscular e melhorar a amplitude dos movimentos mandibulares.
Essa abordagem funcional visa evitar a rigidez da articulação e recuperar a capacidade de mastigar e falar normalmente.
Analgésicos e anti-inflamatórios
A prescrição de medicamentos para controlar a dor e o inchaço é comum, principalmente nas fases iniciais da recuperação.
Esses medicamentos ajudam a reduzir o desconforto e permitem que o paciente participe ativamente do processo de reabilitação.
Dieta pastosa
Durante o período de tratamento, recomenda-se que o paciente siga uma dieta de alimentos macios ou líquidos, evitando qualquer esforço excessivo da mandíbula.
Estudos apontam vantagens do tratamento conservador
Estudos recentes que revisaram a literatura sobre o tratamento de fraturas condilares, incluindo uma revisão integrativa publicada pela Faculdade de Odontologia do Recife, demonstram que o tratamento conservador pode ser altamente eficaz em muitos casos, especialmente em idosos.
A abordagem conservadora é mais segura, com menos riscos de complicações, além de proporcionar uma recuperação funcional adequada da articulação temporomandibular e dos movimentos mandibulares.
Conforme a revisão, foram analisados 27 artigos entre 2015 e 2020, e os resultados apontaram que o tratamento conservador oferece alta confiabilidade, menor custo e tempo reduzido de internação.
Essas vantagens são essenciais, especialmente para pacientes idosos, que podem ser mais vulneráveis a complicações cirúrgicas.
Quando a cirurgia é necessária?
Embora o tratamento conservador seja altamente recomendado, há situações em que a intervenção cirúrgica pode ser necessária.
Essas situações incluem fraturas com grande deslocamento do côndilo ou quando há outras fraturas faciais associadas.
No entanto, a cirurgia deve sempre ser uma decisão baseada em critérios rigorosos, considerando os riscos e benefícios para o paciente idoso.
A fratura condilar intracapsular é uma condição que pode causar dor e limitação dos movimentos mandibulares em idosos, mas o tratamento conservador tem se mostrado eficaz na maioria dos casos.
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