A saúde bucal de pacientes portadores de HIV tem mostrado avanços significativos, conforme revela um estudo pioneiro da Universidade de São Paulo (USP).
Com a evolução das terapias antirretrovirais introduzidas na década de 1990, observou-se um aumento na expectativa de vida dos indivíduos com HIV.
Além disso, houve uma redução nas doenças bucais oportunistas, que historicamente exploravam a vulnerabilidade imunológica causada pelo vírus.
A pesquisa da USP evidencia que, embora a incidência de condições oportunistas tenha diminuído, problemas como lipoatrofia facial e xerostomia ainda persistem. Assim, destaca-se a necessidade de cuidados odontológicos especializados e continuados para essa comunidade.
A seguir, esclareceremos as principais dúvidas que pacientes e profissionais têm sobre a saúde bucal de pacientes portadores de HIV. Acompanhe!
Por que portadores de HIV devem redobrar os cuidados com a saúde bucal?
Os indivíduos portadores do HIV devem redobrar os cuidados com a saúde bucal por uma série de razões que envolvem tanto a própria condição do sistema imunológico quanto os efeitos colaterais dos tratamentos.
O vírus da imunodeficiência humana (HIV) ataca e enfraquece o sistema imunológico, reduzindo a capacidade do corpo de combater infecções e doenças. Isso torna os portadores de HIV mais susceptíveis a uma variedade de problemas de saúde bucal.
As pessoas que vivem com HIV podem enfrentar obstáculos como:
Doenças bucais oportunistas
A imunossupressão característica da infecção por HIV facilita o aparecimento de doenças oportunistas na cavidade oral, como candidíase oral (sapinho), leucoplasia pilosa oral, e periodontite grave.
Tais condições podem causar desconforto significativo, dor e problemas na alimentação e na fala.
Efeitos colaterais de medicamentos
Os antirretrovirais, fundamentais no tratamento do HIV, podem ter efeitos colaterais que afetam a saúde bucal, como xerostomia (boca seca), que resulta da redução do fluxo salivar.
A saliva é essencial para controlar bactérias e ajudar a digerir alimentos1 Sem saliva suficiente, aumenta o risco de cáries dentárias, doenças gengivais e infecções fúngicas.
Complicações com comorbidades
Muitos pacientes com HIV apresentam comorbidades como diabetes e doenças cardiovasculares que podem complicar o manejo da saúde bucal.
Por exemplo, a diabetes mal controlada aumenta o risco de periodontite, uma infecção grave das gengivas que pode levar à perda de dentes se não tratada adequadamente.
Necessidade de diagnóstico precoce
Problemas bucais em pacientes com HIV podem ser indicativos de mudanças na condição imunológica ou no controle viral.
Portanto, a vigilância odontológica regular não só trata das condições existentes, mas também serve como um ponto de checagem para a saúde geral.
Em suma, os cuidados redobrados com a saúde bucal são essenciais para a qualidade de vida dos pacientes com HIV, ajudando a prevenir problemas maiores, gerenciar sintomas e manter o bem-estar geral.
É fundamental que essas pessoas mantenham visitas regulares ao dentista para monitoramento e tratamento adequado.
A falta de cuidados com a saúde bucal facilita a transmissão do HIV?
A saúde bucal inadequada pode, indiretamente, facilitar a transmissão do HIV, especialmente em práticas como o sexo oral.
Em entrevista ao portal Terra, o dentista Mauro Macedo, membro dos Imortais da Academia Brasileira de Odontologia, aponta que patologias orais, como a periodontite, podem servir como “portas abertas” para a entrada do vírus.
De acordo com Macedo, a periodontite é uma inflamação grave das gengivas que, se não tratada, leva à formação de bolsas periodontais e à exposição de tecidos mais profundos que podem sangrar facilmente.
Quando essas lesões sangrentas ou úlceras estão presentes na cavidade oral, elas aumentam o risco de entrada direta do HIV no sangue durante o contato íntimo, como o sexo oral, se o parceiro estiver infectado.
A saliva, por si só, contém componentes que ajudam a inibir a transmissão do HIV, mas a presença de cortes, úlceras, ou sangramento oral pode superar essas barreiras naturais e facilitar a entrada do vírus.
Portanto, manter uma boa higiene bucal e tratar doenças periodontais e outras condições orais não é apenas uma questão de saúde individual. Trata-se também um fator importante na prevenção da transmissão do HIV.
É possível transmitir ou contrair HIV no consultório odontológico?
A possibilidade de transmitir ou contrair HIV em um consultório odontológico é extremamente baixa, graças às rigorosas normas de controle de infecção seguidas na prática odontológica.
Os procedimentos de esterilização e desinfecção dos instrumentos e equipamentos usados no consultório são cientificamente comprovados para eliminar o vírus HIV e outros agentes infecciosos.
Essas medidas assépticas incluem a esterilização de todos os instrumentos que entram em contato direto com o sangue e fluidos corporais.
Para isso, são utilizados métodos como o autoclave, que emprega vapor sob pressão para garantir a eliminação de qualquer patógeno.
Além disso, superfícies como cadeiras odontológicas, luminárias e outras áreas de trabalho são cuidadosamente desinfectas entre cada paciente para prevenir qualquer forma de contaminação cruzada.
Isso reflete o alto padrão de segurança e proteção tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde.
Lembre-se: ter cuidados com a saúde bucal é essencial para portadores de HIV. Portanto, se você vive nessa condição, busque um profissional especializado. Deixe o preconceito de lado e viva com mais qualidade e de forma saudável!
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