A conexão entre as doenças periodontais e o Alzheimer é um campo de estudo emergente que tem gerado crescente interesse na comunidade científica.
A periodontite é uma infecção gengival grave que danifica o tecido mole e destrói o osso que sustenta os dentes.
Comum entre os idosos, a doença pode estar associada a um aumento do declínio cognitivo em pessoas com Alzheimer.
Quem traz evidências para essa informação é um grupo de pesquisadores da Universidade de Southampton, que publicaram um estudo na revista Plos One. Confira, a seguir, os principais pontos que eles abordaram.
Periodontite e Alzheimer: entenda a relação
A periodontite afeta uma parcela significativa da população idosa. Estudos indicam que indivíduos com Alzheimer, devido à deterioração de suas habilidades cognitivas e motoras, podem ter mais dificuldade em manter uma higiene bucal adequada, resultando em maior incidência de doenças periodontais.
Segundo a pesquisa da Universidade de Southampton, níveis elevados de anticorpos contra bactérias periodontais estão correlacionados com um aumento de moléculas inflamatórias em várias partes do corpo. Por sua vez, isso tem sido associado a taxas maiores de declínio cognitivo.
O estudo da Universidade de Southampton
A pesquisa mencionada avaliou 59 pacientes com Alzheimer leve a moderado, medindo marcadores inflamatórios no sangue e a saúde dental dos participantes.
Após seis meses, as avaliações foram repetidas com 52 desses pacientes. Os resultados mostraram que a presença de doenças periodontais estava associada a um aumento de seis vezes na taxa de declínio cognitivo.
Além disso, houve um aumento relativo no estado pró-inflamatório dos pacientes com periodontite.
Os pesquisadores concluíram que a periodontite pode contribuir para o declínio cognitivo na doença de Alzheimer por meio de mecanismos relacionados à resposta inflamatória do corpo.
No entanto, devido ao pequeno número de participantes, eles destacaram a necessidade de estudos adicionais para confirmar esses achados em uma população maior.
Implicações e possíveis tratamentos das doenças periodontais em pessoas com Alzheimer
O estudo da Universidade de Southampton é significativo porque sugere que o tratamento da periodontite poderia potencialmente retardar a progressão do declínio cognitivo em pacientes com Alzheimer.
Clive Holmes, professor e autor principal do estudo, afirmou que esses resultados se baseiam em pesquisas anteriores que indicam que condições inflamatórias crônicas podem agravar a progressão da doença em pessoas com Alzheimer.
Se futuras pesquisas confirmarem uma relação direta entre periodontite e declínio cognitivo, isso abriria novas possibilidades de tratamento.
Intervenções focadas na saúde bucal poderiam se tornar uma parte essencial do manejo da doença de Alzheimer, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e possivelmente retardando a progressão do declínio cognitivo.
Estatísticas e perspectivas futuras
De acordo com os pesquisadores, cerca de 80% dos adultos com mais de 55 anos no Reino Unido apresentaram evidências de periodontite em 2009, sendo esta uma das principais causas da perda dentária.
Entre adultos de 65 a 74 anos, 40% tinham menos de 21 dos seus 32 dentes originais, e esse número aumenta para 60% entre aqueles com 75 anos ou mais. Metade desses indivíduos relatou doença gengival antes de perder os dentes.
O Dr. Mark Ide, do Instituto Dental do King’s College de Londres e também autor do estudo, observou que a perda de dentes, possivelmente decorrente de doenças periodontais anteriores, está associada a um maior risco de desenvolver demência.
Esse dado reforça a necessidade de estratégias preventivas e de tratamento eficazes para doenças periodontais como uma forma de reduzir os riscos de declínio cognitivo.
Conclusões do estudo
O estudo citado concluiu que a relação entre doenças periodontais e Alzheimer é um campo promissor que requer mais investigação.
Os achados atuais sugerem que a inflamação causada por doenças periodontais pode exacerbar o declínio cognitivo em pacientes com Alzheimer.
Estudos futuros com amostras maiores e de longa duração são necessários para confirmar esses resultados e explorar os mecanismos precisos dessa relação.
A ciência está apenas começando a desvendar a complexa interação entre saúde bucal e saúde cognitiva. Com mais pesquisa e conscientização, podemos desenvolver intervenções mais eficazes para combater tanto as doenças periodontais quanto o Alzheimer, beneficiando milhões de pessoas em todo o mundo.
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