A perda óssea, um indicador chave da progressão da periodontite, tradicionalmente é diagnosticada por meio de métodos bidimensionais como radiografias.
No entanto, com a evolução da tecnologia, a análise tridimensional (3D) emerge como um meio revolucionário para avaliar esta condição.
A microtomografia computadorizada (Micro-CT) é uma dessas tecnologias promissoras, oferecendo uma visão detalhada e tridimensional da estrutura óssea. Para saber mais acerca desse tema, continue coma leitura!
A evolução do diagnóstico da perda óssea
Historicamente, a avaliação da perda óssea foi limitada por técnicas que ofereciam apenas vistas bidimensionais, tais como radiografias convencionais e análises histomorfométricas.
Esses métodos, embora úteis, muitas vezes falham em capturar a complexidade tridimensional da perda óssea, levando a avaliações menos precisas.
O papel da microtomografia computadorizada
A Micro-CT, com sua capacidade de gerar imagens tridimensionais detalhadas, representa um salto significativo na precisão do diagnóstico.
Nesse sentido, é interessante citar um estudo realizado por Gabrielle Christine Bonetti Sallum, Cassio Scardueli, Guilherme José Pimentel Lopes de Oliveira, Rubens Spin Neto e Rosemary Adriana Chierici Macantonio, publicado na Revista de Odontologia da Unesp.
A pesquisa demonstra a eficácia da Micro-CT na avaliação da perda óssea. A partir de imagens de alta resolução, esta tecnologia permite uma compreensão mais profunda das alterações ósseas.
Estudo de caso: análise em da perda óssea em ratos
No estudo de Sallum et al., ratos foram utilizados para examinar como diferentes parâmetros na Micro-CT influenciam a avaliação da perda óssea.
De acordo com os estudiosos, a maioria das pesquisas em Periodontia foca em avaliar as alterações na qualidade e quantidade do tecido ósseo de suporte durante o desenvolvimento da doença periodontal.
Tradicionalmente, a quantificação do tecido ósseo é feita por meio de técnicas como análises histológicas, morfométricas e reações imuno-histoquímicas. Contudo, esses métodos proporcionam apenas uma avaliação linear ou bidimensional das amostras, o que pode dificultar a padronização das imagens para análise devido a variações no ângulo de corte e a presença de artefatos de técnica.
Métodos radiográficos também são usados, mas eles fornecem apenas imagens bidimensionais, dificultando a padronização radiográfica entre as imagens.
Para aprimorar e complementar os resultados obtidos com os métodos convencionais, a microtomografia computadorizada (Micro-Ct) vem sendo empregada para avaliar os tecidos duros.
Essa técnica não destrutiva permite a reconstrução e avaliação de imagens em 3D, aumentando a reprodutibilidade e a precisão na avaliação do tecido ósseo anisotrópico.
Além disso, a análise de Micro-Ct fornece informações sobre geometria, porosidade, densidade mineral, área e volume dos ossos trabeculares e corticais.
Cada vez mais, estudos in vivo estão utilizando imagens de alta resolução obtidas pela microtomografia computadorizada para mensurar a perda óssea alveolar durante o processo de periodontite experimental em ratos.
No entanto, a existência de diversos sistemas de Micro-Ct comercialmente disponíveis, cada um com diferentes abordagens para aquisição de imagens, avaliação e relatórios de resultados, cria uma falta de consistência que dificulta a interpretação e comparação dos resultados entre diferentes estudos.
Portanto, um desafio no uso do Micro-Ct é estabelecer e padronizar padrões adequados para escaneamento e tratamento das imagens, a fim de maximizar o desempenho do equipamento e possibilitar a comparação entre diferentes estudos.
Quando valores de thresholds com 9 µm foram comparados, diferenças estatísticas foram observadas entre determinados intervalos, sugerindo que valores mais extremos podem levar a uma super ou subestimação da quantidade óssea.
Estudos como os de Chang et al. e Gielkens et al. sugerem que o Micro-Ct deve ser analisado com cautela e, preferencialmente, em conjunto com outras avaliações.
Além disso, observou-se que avaliações com 18 µm mostraram maiores diferenças estatísticas quando comparadas a 9 µm, indicando que cortes mais espessos tendem a apresentar maiores variações estatísticas.
A escolha do threshold é crucial para representar adequadamente a condição real do tecido ósseo, podendo ser determinada automaticamente pelo software ou manualmente pelo operador.
Os resultados parciais obtidos demonstram que variações na resolução do escaneamento e na escolha de thresholds podem levar a resultados discrepantes para uma mesma amostra.
Desafios e considerações futuras sobre a análise tridimensional
Os estudos analisados apontam que, apesar de suas vantagens, a Micro-CT ainda enfrenta desafios, como a necessidade de padronização nas técnicas de análise e interpretação especializada dos resultados.
Além disso, há um vasto campo para pesquisa futura, explorando ainda mais as capacidades e aplicações desta tecnologia na odontologia para avaliar a perda óssea.
A análise tridimensional, particularmente por meio da Micro-CT, é uma ferramenta poderosa no diagnóstico da perda óssea. Porém, deve ser utilizada seguindo uma série de cuidados.
À medida que a tecnologia avança, ela oferece uma janela para um futuro onde diagnósticos precisos e tratamentos personalizados se tornam a norma na prática odontológica.
Para você, dentista, saber mais sobre a análise tridimensional da perda óssea foi interessante? Outro assunto que pode ser de seu interesse são os cuidados e manejo dos pacientes com dengue hemorrágica. Leia o nosso artigo sobre esse tema.