O cimento odontológico é uma massa feita de diferentes substâncias em forma de pó (base) e líquido (ácido) ou em pasta. Quando endurece, ganha uma alta capacidade de aderência e firmeza, por isso é usado para fixar restaurações e evitar uma filtração entre o objeto cimentado e a peça dentária.
Além disso, pode ser usado tanto para restaurações provisórias quanto definitivas, de curta ou longa duração. Também protege o complexo dentina-polpa, por sua capacidade de aderência e enrijecimento. Resumidamente, é um material com diversas funções, essencial para a Odontologia.
Neste post, você vai conhecer os 4 diferentes tipos de cimento odontológico e suas específicas formas de aplicação. Então, continue a leitura!
Quais são os tipos de cimento odontológico?
Os cimentos odontológicos podem ser classificados de duas maneiras: de acordo com sua composição química ou indicação de uso. Então, neste artigo, você vai entender o uso por cada tipo de composto:
Cimento odontológico de óxido de zinco e eugenol (OZE)
Os cimentos do tipo OZE são classificados entre os tipos I e II. Cada um deles tem exigências e aplicações diferentes:
OZE tipo I
O OZE I é indicado para restaurações provisórias de curta duração. Além disso, tem características analgésicas (anódinas), por isso é muito usada em serviços de urgência.
Antes de tudo, faça a descompactação do pó. Não há uma proporção padrão para a mistura pó-líquido do cimento odontológico OZE tipo I. Portanto, deve ser feito de maneira empírica, de acordo com o que o odontologista observa enquanto faz a mistura. O ideal, no entanto, é que o profissional use pelo menos 3 a 4 gotas do líquido para obter uma boa quantidade de massa.
Coloque tudo em cima da placa. Então, leve uma porção do pó em direção ao líquido e faça a mistura com a espátula n.º 36. À medida que se coloca mais pó, a mistura fica mais seca. Por isso, você deve misturar e bater a ponta da espátula na placa para que a pasta se solte.
O odontologista só pode parar de misturar quando a pasta tiver plasticidade suficiente apenas para fazer um rolo. Além disso, ela não pode estar grudenta.
Quando o rolo de massa estiver rachando na borda, significa que o cimento odontológico já pode ser aplicado na cavidade.
Para aplicar, utilize a espátula para inserção nº1, corte um ou mais pedaços do rolinho e coloque na cavidade dental até que ela fique completamente coberta. Para finalizar, aplique água com um tufo de algodão e a pinça — sem o líquido, o material não ocorre a reação de presa
OZE tipo II
É indicado para confecção de bases cavitárias ou para restaurações provisórias de longa duração. Por ter partículas de resina, o OZE tipo II tem maior resistência mecânica em comparação ao I. No entanto, não o utilize como base para resinas compostas.
Para fazer a mistura e aplicação, descompacte o pó e pegue o medidor oferecido na própria embalagem do cimento para retirar uma porção. Com a espátula 36, retire o excesso, pois terá a exata medida para a manipulação, que é de 1:1 para pó-líquido. Use a espátula também para assentar o pó na placa despolida.
Então, divida a porção de pó em duas. Comece a sacudir o líquido para fazer a homogeneização na embalagem. Já na hora de pegar, despreze a primeira gota para remover bolhas de ar. Com o conta-gotas em posição perpendicular à placa, pingue apenas uma gota e leve a primeira metade de pó em direção a ela. Quando já tiver formado uma pasta, leve a segunda metade.
Essa mistura será um pouco mais difícil, portanto não abra mão de utilizar a espátula 36, que é rígida, e pressionar com bastante força. O pó precisa ser totalmente incorporado ao líquido.
Use a espátula de inserção n.º1 para colocar pequenos pedaços do material na cavidade. Utilize o condensador n.º1 para assentar em todos os cantos da cavidade, já o de tipo 2 será usado para uniformizar e facilitar a incorporação do material que será colocado acima do cimento. A sonda ou o hollenback servirá para remover excesso.
Cimento odontológico de fosfato de zinco
Um dos mais utilizados na Odontologia, o cimento odontológico de fosfato de zinco é muito utilizado para criar bases cavitárias, restaurações provisórias ou cimentação de próteses.
A manipulação do cimento odontológico de fosfato de zinco exige mais cuidados, pois a mistura libera calor. Portanto, siga as dicas:
- use uma placa grossa, capaz de dissipar calor;
- coloque o pó no canto superior e o líquido no centro;
- utilize a maior área possível da placa para espatulação;
- use 6 porções de pó para minimizar o efeito da reação;
- faça a espatulação por 1min30s.
Faça a descompactação do pó, mergulhe o medidor do produto e tire o pó em excesso. Com a espátula flexível, faça uma rasante para ter a medida ideal e assente o pó na placa, dividindo-o em 6 porções.
É importante atentar-se à divisão, que você precisa fazer da seguinte forma: divida em duas porções, pegue a primeira metade e divida novamente ao meio, use essa mesma metade e divida novamente e assim consecutivamente, até que haja 6 pedaços.
Já para o líquido, cada fabricante tem uma recomendação, mas o consenso é de que a aplicação seja de 3 gotas na placa. Manipule cada porção por seu respectivo tempo: as duas primeiras por 10s cada; a quarta e a quinta por 15s cada e a sexta por 30s. A consistência ideal é a de um fio que não quebra. Utilize a espátula nº1 para inserir o material e os condensadores para o assentamento da massa na cavidade
Cimento odontológico de hidróxido de cálcio
É um cimento odontológico indicado para forramento nos casos em que a cavidade esteja próxima à polpa dentária.
Para utilizá-lo, pegue a pasta-base do hidróxido de cálcio e limpe a ponta da embalagem com gaze ou algodão para não atrapalhar sua proporção. Coloque uma certa quantidade no bloco de espatulação. Faça o mesmo com a pasta catalisadora. Com movimentos rápidos, faça a homogeneização das duas utilizando a espátula 50. O cimento tem uma reação de presa muito rápida, portanto é preciso ser veloz.
Encoste a ponta do aplicador de hidróxido de cálcio na massa e aplique na região mais profunda da cavidade. Espalhe o cimento sem deixar excessos tocarem ou mancharem as laterais da cavidade, mas caso isso ocorra, use uma sonda exploradora ou o hollenback para removê-los.
Se necessário, aplique outra camada até ter certeza de que protegeu bem a região.
Cimento odontológico de ionômero de vidro (CIV)
Indicado para fazer bases, restaurações provisórias e definitivas de classe V, o CIV é um dos poucos materiais que liberam flúor, por esse motivo é muito usado na Pediatria. Além disso, é o único cimento que apresenta adesão à estrutura dental. No entanto, é muito solúvel nas primeiras 24h.
Pegue o pó com o medidor e faça um rasante com a espátula. A proporção é sempre de 1:1. Coloque no bloco de espatulação e divida ao meio. Já com o líquido, despreze a primeira gota e pingue a segunda no bloco. Então, leve a primeira metade à gota e misturar sem força, pois o material é leve. Depois, leve a segunda — você tem 45s para fazer essa mistura.
Insira o material na cavidade enquanto apresentar brilho. Para isso, use a espátula para inserção n.º1. Ela pode servir também para tirar excessos que ficarem no esmalte. Como a presa total do CIV demora 24h, utilize um verniz cavitário para protegê-lo assim que o cimento ficar opaco. Jogue um jato de ar para acelerar a secagem.
Pronto para treinar o preparo e a aplicação dos diferentes tipos de cimentos odontológicos? Então, continue aprendendo e confira tudo o que é necessário saber sobre ácido fosfórico na Odontologia!