Quem já teve que fazer uma restauração, principalmente na década de 1990, não tinha muita escolha: colocava-se uma amálgama, que deixava aquele acabamento prateado nos dentes. Com o passar do tempo, aparece uma nova alternativa — a resina. O material logo fez sucesso: como a cor parecida a dos dentes, ele se disfarçava melhor na arcada dentária. A batalha amálgama de prata x resina resiste até hoje, mas qual é a melhor opção?
Antes de escolher o tipo de restauração, é necessário analisar aspectos como durabilidade, qualidade e acabamento. Veja qual a melhor alternativa entre amálgama de prata e resina:
Amálgama de prata x resina: qual escolher?
Durabilidade e resistência
A amálgama de prata é um material de durabilidade muito maior. Uma restauração metálica pode durar de 30 a 40 anos, enquanto uma de resina, embora tenha avançado muito na qualidade, resiste por volta de 10.
Além disso, o material apresenta alta resistência mastigatória e ao desgaste, que ajudam a aumentar sua durabilidade.
Acabamento
O paciente atual não está mais interessado apenas em resolver o problema — ele deseja um resultado estético o mais agradável possível. O sorriso influencia na sua autoestima, além de ser fator importante nas relações sociais e até profissionais. Nesse contexto, a amálgama de prata, que tem um acabamento metálico-acinzentado, perde consideravelmente, já que a resina tem cor e textura parecidas com as do esmalte.
Além disso, a amálgama está sujeita à corrosão, que pode provocar uma pigmentação desagradável da estrutura.
Custo
A amálgama de prata é um material de alto custo-benefício: além de durável e resistente, seu valor de aquisição é baixo. Como consequência, isso se reflete no preço cobrado ao paciente.
Saúde
Este é, provavelmente, o tópico mais importante e delicado deste post.
A amálgama é uma liga metálica formada pela prata, cobre, zinco, estanho e mercúrio — o grande “vilão”, que faz com que o uso do material seja assunto polêmico.
O mercúrio é um metal pesado, tóxico e que evapora em temperatura ambiente, o que aumenta seu poder de contaminação. Quando entra em contato com o organismo numa quantidade relativamente alta (tipo orgânico) ou constante (inorgânico), pode causar diversos problemas tanto físicos quanto neuropsiquiátricos.
Além disso, contamina o meio ambiente quando não há o descarte correto do material contaminado.
Os defensores do uso de amálgama alegam que a quantidade de mercúrio utilizada em uma restauração é ínfima. Portanto, não há perigo para o paciente. Além disso, o risco de contaminação só existe na manipulação do mercúrio (ele já entra na arcada como uma liga) ou quando o produto fica muito tempo em ambiente seco, o que não acontece na boca.
Por fim, não existem evidências científicas que comprovem malefícios à saúde do indivíduo com restaurações de amálgama.
Outro problema é o contato dos profissionais com o mercúrio. Mesmo que não haja problemas para o paciente, os odontologistas podem colocar mais de uma restauração por dia. Novamente, nenhuma contaminação de dentistas, auxiliares e pacientes foi cientificamente comprovada, a não ser entre pessoas sensíveis ao mercúrio.
Para evitar qualquer prejuízo futuro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu, desde 1º de janeiro de 2019, a fabricação, comercialização, importação e o uso em serviços de saúde do mercúrio e do pó para liga de amálgama não encapsulada.
Até mesmo os termômetros e medidores de pressão com mercúrio estão proibidos pelo órgão. A amálgama encapsulada, no entanto, continua permitida.
Sustentabilidade
As cápsulas e restaurações de amálgama não podem ser descartadas no meio ambiente, pois estão contaminadas com mercúrio. O problema é que os odontologistas não costumam fazer o descarte correto.
As cápsulas, por exemplo, devem ser estocadas e encaminhadas para um laboratório de recuperação de resíduos químicos, seguindo a orientação da RDC 306/2004 da Anvisa, que determina o trato correto com cada tipo de lixo hospitalar.
Proteção
A amálgama tem uma grande capacidade de proteção de uma recidiva da cárie, pois suas propriedades químicas, em contato com o meio úmido da boca, ajudam a “selar” as microfendas entre o material restaurador e o dente.
Além disso, evitam que os ácidos produzidos pelas bactérias desmineralizem a parte sadia do dente, evitando uma infiltração marginal.
Desgaste e adesão
Além da retirada do tecido contaminado pela cárie, a restauração com amálgama necessita de um desgaste de uma parte sadia do dente para sua aplicação. Já o processo com resina conserva a área que não foi afetada pela cárie.
Isso ocorre porque o segundo material se cola à estrutura dentária por meio de uma união micromecânica, ou seja, liga-se inicialmente a um sistema adesivo (que funciona como que uma cola, que permite a adesão do material restaurador ao dente), que por sua vez se encontra ligado aos tecidos dentários. Por fim, a restauração por resina pode ser feita em uma única sessão.
Indicação
A resina não é indicada para áreas muito extensas. Por isso, funciona melhor nos dentes da frente, já que não atrapalha no fator estético e a extensão é menor. Já a amálgama é mais recomendada para os dentes posteriores, que são maiores e normalmente a cárie se propaga em uma área maior.
Quem tem restauração de amálgama precisa trocar por uma de resina?
Não. Como visto, a amálgama tem uma durabilidade, resistência e capacidade de proteção do dente muito maiores. Portanto, uma troca apenas por motivos estéticos não é recomendada. A substituição do material só deve ser feita em casos de infiltração ou fratura.
Para você, qual a melhor alternativa na disputa amálgama de prata x resina? Deixe seu comentário.